Você sabia que muitos dos sites que você visita diariamente utilizam tecnologias de código aberto que você pode acessar e modificar livremente?
E que essas ferramentas poderosas não apenas são gratuitas, mas também sustentadas por uma comunidade global de desenvolvedores?
Se você está pensando em criar um site ou já tem um, entender essas ferramentas pode ser um divisor de águas.
Continue lendo e descubra como essas soluções afetam seu site e podem, inclusive, deixá-lo mais seguro e eficiente.
Para entendermos o que é código aberto, precisamos entender o que é código-fonte.
O que é código-fonte?
O código-fonte é um conjunto de instruções escritas por um programador em uma linguagem de programação. Essas instruções são elaboradas para serem lidas e entendidas por humanos, permitindo a criação, modificação e manutenção de programas de computador.
O código-fonte funciona como um roteiro detalhado que um computador deve seguir para executar determinadas tarefas. Escrito em linguagens de programação como Python, PHP, Java ou C++, ele traduz a lógica do programador em comandos específicos.
Cada linha do código representa uma instrução que, quando executada pelo processador do computador, realiza uma operação, como cálculos matemáticos, manipulação de dados, ou controle de dispositivos externos.
Quando o código-fonte está completo, ele passa por um processo de compilação ou interpretação, dependendo da linguagem utilizada. O compilador converte o código-fonte em código de máquina, que é uma forma binária que o computador pode executar diretamente.
No caso das linguagens interpretadas, um interpretador lê e executa o código linha por linha, traduzindo as instruções em tempo real. Esse processo permite que o software funcione conforme planejado, realizando as funções e tarefas específicas definidas pelo programador.
Muitos chamam o código-fonte também de “algoritmo”. Por exemplo, o Google possui um algoritmo de buscas. O mecanismo de pesquisa deles é um programa web, é um software.
O que é Código Aberto?
Código Aberto, ou Open Source, refere-se a um modelo de desenvolvimento de software onde o código-fonte é disponibilizado publicamente. Isso permite que qualquer pessoa possa ver, modificar e distribuir o software conforme suas necessidades.
O movimento de Open Source promove a colaboração e a transparência, incentivando desenvolvedores de todo o mundo a contribuir para a melhoria contínua do software. Projetos de código aberto são frequentemente hospedados em plataformas como GitHub, onde comunidades de desenvolvedores podem trabalhar juntas para corrigir bugs, adicionar novas funcionalidades e melhorar a segurança.
Um exemplo bem conhecido de software de código aberto é o sistema operacional Linux. Como qualquer pessoa pode acessar o código, há uma comunidade de desenvolvedores que trabalham juntos para melhorar o software, tornando ele mais seguro e eficiente.
Essa colaboração aberta também ajuda a garantir que o programa seja mais confiável, pois mais pessoas podem revisar e testar o código.
Mas se todo mundo tem acesso ao código aberto, isso não significa que ele é inseguro?
Pode parecer que o acesso aberto ao código-fonte tornaria o software de código aberto inseguro. No entanto, a realidade é justamente o oposto.
Quando o código-fonte está disponível para todos, ele é constantemente revisado por uma vasta comunidade de desenvolvedores ao redor do mundo. Essa ampla revisão permite a identificação e correção de falhas de segurança de maneira muito mais rápida do que em softwares fechados, onde apenas uma equipe limitada tem acesso ao código.
Com muitas pessoas contribuindo para o código, as vulnerabilidades são geralmente descobertas e corrigidas rapidamente. Além disso, essa transparência cria uma camada extra de confiança, pois qualquer pessoa pode verificar se o software está executando exatamente o que promete, sem esconder funcionalidades maliciosas.
Se um programa é de Código Aberto, você pode vender ele e ganhar dinheiro com isso?
Sim, você pode vender um programa de código aberto. As licenças de código aberto permitem a distribuição do software de várias maneiras, incluindo a venda.
No entanto, há alguns pontos importantes a considerar. Primeiro, a maioria das licenças de código aberto exige que, ao distribuir o software, inclusive versões modificadas, você também forneça o código-fonte. Isso significa que, mesmo vendendo o software, os compradores têm o direito de acessar, modificar e redistribuir o código-fonte.
Além disso, enquanto você pode cobrar pela distribuição, suporte ou customização do software, não pode impedir legalmente que outros redistribuam o software gratuitamente. Eles têm os mesmos direitos sob a licença de código aberto.
Portanto, muitos modelos de negócios focam em serviços adicionais, como suporte técnico, treinamento ou customizações específicas, em vez de cobrar pelo software em si.
Existem várias empresas que seguem esse modelo de negócios. A Red Hat, por exemplo, oferece o sistema operacional Red Hat Enterprise Linux (RHEL) como código aberto, mas ganha dinheiro vendendo serviços de suporte, treinamento e consultoria.
A Automattic, responsável pelo WordPress.com, oferece o WordPress gratuitamente, mas vende planos de hospedagem e serviços premium. A MongoDB, Inc. cria o banco de dados NoSQL MongoDB e monetiza com o MongoDB Atlas, um serviço gerenciado em nuvem, além de suporte e ferramentas adicionais.
É importante ressaltar que nomes e imagens podem ter restrições devido a patentes e direitos autorais. Portanto, ao vender software de código aberto, é necessário considerar essas variáveis legais em relação ao nome.
Código Aberto vs Código Fechado: Quais as diferenças?
No caso do software de código fechado, o código-fonte não é disponibilizado ao público. Apenas os desenvolvedores ou a empresa que criou o software têm acesso a esse código. Isso significa que você não pode ver, modificar ou distribuir o código-fonte do programa.
Um exemplo comum de software de código fechado é o Microsoft Windows. Quando você usa o Windows, está utilizando um programa cujo código-fonte é mantido em segredo pela Microsoft. Isso impede que outras pessoas alterem o funcionamento do software ou o distribuam sem autorização.
A principal desvantagem do código fechado é que qualquer problema ou vulnerabilidade no software só pode ser corrigido pelos desenvolvedores originais, o que pode levar mais tempo. Em contraste, no ambiente de código aberto, a comunidade pode ajudar a resolver problemas rapidamente, proporcionando maior agilidade na correção de falhas e melhorias contínuas no software.
Quais os softwares de Código Aberto mais comuns?
No contexto de hospedagem de sites, alguns dos softwares de código aberto mais comuns são:
1. WordPress
O WordPress é um exemplo destacado de software de código aberto, amplamente utilizado para criar e gerenciar sites. Provavelmente, você já interagiu com ele, pois uma grande parte dos sites na internet utiliza essa plataforma. Gratuito e altamente personalizável, o WordPress permite que usuários de todos os níveis de habilidade criem desde blogs simples até complexos sites de comércio eletrônico.
Um dos maiores atrativos do WordPress é a vasta comunidade de desenvolvedores que o suporta. Essa comunidade contribui com milhares de plugins e temas, expandindo suas funcionalidades e permitindo a personalização completa do site. Além disso, as atualizações de segurança são frequentes, garantindo que os sites permanecem protegidos contra ameaças.
A facilidade de uso do WordPress, combinada com a sua flexibilidade e o suporte contínuo da comunidade, faz dele a escolha preferida tanto para iniciantes quanto para desenvolvedores experientes. Seja para um blog pessoal, um portfólio profissional ou uma loja online, o WordPress oferece as ferramentas necessárias para criar um site robusto e visualmente atraente.
2. Joomla
Joomla é outro exemplo de software de código aberto usado para a criação e gerenciamento de sites.
Assim como o WordPress, sendo um dos seus principais concorrentes, o Joomla é um sistema de gerenciamento de conteúdo (CMS) que permite aos usuários criar sites dinâmicos e aplicativos online.
Ele é gratuito para download e uso, e seu código-fonte está disponível para qualquer pessoa ver, modificar e distribuir.
Isso permite uma grande personalização e flexibilidade, pois os usuários podem ajustar Joomla para atender às suas necessidades específicas.
3. Drupal
O Drupal é um sistema de gerenciamento de conteúdo (CMS) de código aberto usado para criar e gerenciar websites, assim como o WordPress e o Joomla.
Ele é altamente flexível e escalável, o que significa que pode ser utilizado para desenvolver desde pequenos sites pessoais até grandes portais corporativos, governamentais e de comércio eletrônico.
O Drupal permite que os usuários publiquem, gerenciem e organizem uma ampla variedade de conteúdos com facilidade.
Uma das características mais fortes do Drupal é sua modularidade. Ele vem com um conjunto básico de funcionalidades, mas você pode expandir suas capacidades adicionando módulos criados pela comunidade de desenvolvedores (parecidos com os plugins do WordPress).
4. Magento
Magento é uma plataforma de e-commerce de código aberto que permite criar e gerenciar lojas online.
Lançada inicialmente em 2008, ela é conhecida por sua robustez e flexibilidade, oferecendo uma ampla gama de funcionalidades que atendem desde pequenas lojas virtuais até grandes empresas de comércio eletrônico.
A Magento foi adquirida pela Adobe em junho de 2018. Após a aquisição, a plataforma de e-commerce Magento foi integrada ao portfólio de produtos da Adobe, se tornando uma parte central do Adobe Experience Cloud, que é um conjunto de ferramentas voltadas para marketing, publicidade, analytics e e-commerce.
Mesmo após a compra, a versão de código aberto do Magento, agora conhecida como Magento Open Source, continua disponível para a comunidade.
Qualquer pessoa ainda pode baixar, modificar e distribuir essa versão gratuitamente, conforme os termos da licença de código aberto.
A Adobe, por sua vez, oferece uma versão aprimorada, chamada Adobe Commerce (anteriormente Magento Commerce), que inclui funcionalidades extras, suporte técnico e integração com outras ferramentas da Adobe, direcionada a empresas que necessitam de uma solução mais completa e suporte profissional.
5. Apache HTTP Server
O Apache HTTP Server, conhecido como Apache, é um dos servidores web mais populares e amplamente utilizados no mundo.
Desenvolvido pela Apache Software Foundation e lançado em 1995, ele é um software de código aberto que permite hospedar sites na internet.
O Apache aceita solicitações de navegadores web, processa essas solicitações e envia de volta respostas como páginas web, arquivos e imagens.
Utilizado por milhões de sites, o Apache é conhecido por sua robustez e estabilidade, com uma comunidade ativa que mantém o software atualizado e seguro (característica comum de programas de código aberto).
6. NGINX
NGINX é um servidor web e proxy reverso de alto desempenho, conhecido por sua eficiência e capacidade de lidar com grandes volumes de tráfego.
Lançado em 2004 por Igor Sysoev, o NGINX foi projetado para resolver o problema de simultaneidade dos servidores web tradicionais, como o Apache, permitindo a manipulação de muitas conexões ao mesmo tempo, com menor uso de recursos.
Além da versão de código aberto, existe também o NGINX Plus, uma versão comercial oferecida pela empresa NGINX, Inc. (agora parte da F5 Networks).
O NGINX Plus inclui funcionalidades adicionais, como monitoramento avançado, balanceamento de carga aprimorado, e suporte técnico empresarial.
7. PhpMyAdmin
Se você já mexe com sites há um tempo, já deve conhecer o PhpMyAdmin. Ele é uma ferramenta de código aberto utilizada para administrar bases de dados MySQL e MariaDB através de uma interface web.
Desenvolvido em PHP, o phpMyAdmin facilita a gestão de bancos de dados, permitindo que usuários criem, modifiquem e excluam bancos de dados, tabelas, colunas, índices e registros diretamente pelo navegador, sem a necessidade de usar a linha de comando.
8. Mysql
Outro nome comum para quem já teve que criar um blog ou site no WordPress.
O MySQL é um sistema de gerenciamento de banco de dados relacional de código aberto, que permite armazenar, organizar e recuperar dados de forma eficiente.
Desenvolvido inicialmente pela empresa sueca MySQL AB e agora mantido pela Oracle Corporation, o MySQL é amplamente utilizado em uma variedade de aplicações, desde pequenas aplicações web até grandes sistemas corporativos.
Ele é compatível com diversas plataformas e oferece suporte a SQL (Structured Query Language), a linguagem padrão para interação com bancos de dados relacionais.
O MySQL é frequentemente utilizado com outras tecnologias de código aberto, como o servidor web Apache e a linguagem de programação PHP, formando a base de muitos sistemas LAMP (Linux, Apache, MySQL, PHP/Perl/Python).
9. MariaDB
MariaDB é um sistema de gerenciamento de banco de dados relacional de código aberto, criado como um fork do MySQL.
Um "fork" no contexto de software de código aberto é um processo pelo qual os desenvolvedores pegam uma cópia do código-fonte de um projeto existente e criam um novo projeto separado com base nesse código.
Ele foi desenvolvido pelos mesmos criadores do MySQL, liderados por Michael "Monty" Widenius, após a aquisição do MySQL pela Oracle Corporation.
O MariaDB foi criado para garantir que o projeto de banco de dados permanecesse livre e aberto, oferecendo uma alternativa compatível e de alto desempenho ao MySQL.
10. Let’s Encrypt
Let's Encrypt é uma autoridade de certificação (CA) gratuita, automatizada e aberta que oferece certificados SSL/TLS para sites.
Lançada em 2016 pela Internet Security Research Group (ISRG), ele visa tornar a internet mais segura e privativa, facilitando a adoção generalizada de HTTPS.
O Let's Encrypt é um projeto de código aberto. Tanto o software do servidor que emite os certificados quanto os clientes que solicitam os certificados são desenvolvidos como projetos de código aberto.
Conclusão
Código aberto é um tipo de software cujo código-fonte é disponibilizado para qualquer pessoa ver, modificar e distribuir.
O código-fonte é o conjunto de instruções escritas por um programador que define como o software deve funcionar.
Exemplos populares de software de código aberto incluem o sistema operacional Linux, o CMS WordPress, e o banco de dados MySQL.
Esses programas são desenvolvidos colaborativamente por comunidades de desenvolvedores ao redor do mundo, o que aumenta a segurança e a eficiência, pois mais pessoas podem revisar e aprimorar o código.
Empresas como Red Hat e Automattic vendem serviços adicionais baseados em software de código aberto, monetizando através de suporte técnico, personalizações e hospedagem.
Em contraste, software de código fechado, como o Microsoft Windows, mantém seu código-fonte inacessível ao público, restringindo a modificação e distribuição apenas aos desenvolvedores originais.
Ferramentas populares de código aberto no contexto de hospedagem de sites incluem Apache, NGINX, phpMyAdmin, MariaDB e Magento, cada uma oferecendo robustez e flexibilidade para diferentes necessidades de desenvolvimento web.
Você sabia que todas essas tecnologias vinculadas a hospedagem de sites eram de código aberto?
Obrigado por ler até aqui. Um forte abraço.
